Após um ano, Ford e Mahindra anunciam fim de casamento sem frutos


Mahindra Thar

A joint-venture indiana anunciada por Ford e Mahindra no fim de 2019 (leia aqui) chegou ao fim. Sem gerar frutos, o matrimônio foi interrompido em comum acordo. As partes haviam determinado que avanços nas negociações deveriam ser feitos até 31 de dezembro de 2020, seis meses depois do previsto inicialmente, devido aos efeitos da pandemia na economia global. Elas justificaram que também a Covid-19 teve grande impacto na revisão de estratégias, fazendo com que ambas decidissem caminhar por si próprias na Índia.

Originalmente, o acordo previa 51% de participação da Mahindra, dando aos asiáticos o controle da joint-venture. A marca faria a gestão da empresa, conduzindo as operações da fábrica da Ford na cidade de Chennai, assumindo sua rede de concessionários e atuando diretamente no desenvolvimento de três SUVs, entre eles o substituto local do EcoSport. O cancelamento seria o resultado de “mudanças fundamentais nas condições econômicas e de negócios globais”, segundo a Ford.

Fábrica da Ford na Índia

Pelos lados da gigante do oval azul, o fim do acordo significa a retomada do controle da fábrica de Chennai. No entanto, não se sabe até quando os americanos continuarão a investir por lá. “[A Ford] está avaliando constantemente seus negócios em todo o mundo, incluindo a Índia, fazendo escolhas e alocando capital em meios que permitam alcançar margem de 8% do EBIT [lucro antes de juros e impostos] e manter um fluxo de caixa forte”, disse a marca, também por nota. Ou seja: o futuro não está garantido.

Na Mahindra, fala-se abertamente dos planos para seu mercado nativo. Vice-diretora administrativa, Anish Shah disse, à agência Reuters, que a empresa apostará em SUVs maiores em curto prazo e nos elétricos em médio prazo. “Estamos olhando para como podemos acelerar nosso investimento em elétricos e enfim caminhar a uma nova era. Temos ambição de ser uma marca global e a jornada dos elétricos é importante [para isso]”, disse. Para tanto, a empresa trabalha em uma plataforma específica para SUVs ecologicamente corretos.

Apesar dos planos, a Mahindra precisa reorganizar suas operações com urgência. A companhia alegou que o investimento na joint-venture, avaliado em 30 bilhões de rúpias (ou pouco mais de R$ 2 bilhões), não teria se garantias de rentabilidade. E esse é um grande problema que ela enfrenta com a SsangYong, que abriu concordata em dezembro (leia aqui). A indiana tenta se livrar da coreana desde junho (leia aqui), mas não encontra interessados na operação. Vendê-la ajudaria a fazer caixa e a dar fim a um sumidouro de dinheiro.

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